quinta-feira, 24 de julho de 2008

Vai para o trono ou não vai?



Lendo pela manhã o Diário Gaúcho, vi que vai ser apresentado hoje na TV Globo o programa "Por toda a minha vida" (às 23:30hs), um especial que homenageia o Chacrinha, esse querido apresentador que já morreu há 20 anos e que deixa muitas saudades. Ótima lembrança.

O programa do Chacrinha era o que tinha de mais divertido na televisão brasileira. Chegava a ser kitsch de tão brega, mas era de qualidade. O apresentador se vestia de forma extravagante, muito colorido, com um enorme chapéu que tinha sempre uma enorme pluma; empunhava uma buzina, que servia para reprovar os calouros que não iriam pro trono e ganhavam um abacaxi; era famoso pelos bordões, como o célebre "alô, alô, terezinha!!" que berrava para seu animado público, para quem também atirava bacalhau, frutas e outros brindes originais.

Tinha as chacretes, mulheres normais, mas com tudo em cima, que dançavam de maiô espalhadas pelo auditório, de vez em quando o Chacrinha dava uma implicada com alguma delas, faziam parte da imaginação do público masculino, conforme consagrou-se Rita Cadillac.

Ainda tinha os jurados, que era mais para tirar onda do que para julgar alguma coisa. A Elke Maravilha era a mais querida e performática, com suas roupas e cabelos berrantes. Os que descascavam os calouros com seu mau-humor eram sem dúvida a Araci de Almeida, e o Pedro de Lara, eles recebiam vaia do público, mas tudo de gozação, era muito legal.

As atrações do programa eram muito variadas, ia do brega total do Sidney Magal e Gretchen, passando pelo pop de Lulu Santos, MPB de Tim Maia, e foi o responsável por revelar bandas de rock puro, como Titãs, Paralamas, Barão Vermelho, Legião Urbana e muitas outras que se destacaram nos anos 80.

Ele na verdade começou no Rádio Tupi, mas ficou conhecido pelo apelido a partir de 1943, por causa de um programa na Rádio Fluminense. Seu nome era Abelardo Barbosa. Passou por várias emissoras de TV como Tupi, SBT, Band. Teve idas e vindas na Globo, mas foi onde eternizou o seu "Cassino do Chacrinha", nas tardes de sábado. Era o programa que eu assistia, e eu nunca vi tanta ousadia e escracho bem feito em um programa de televisão. Podia parecer que era apenas breguice ou um programa tosco, mas não era não, dava para ver aquilo era um circo, com um cenário e performances cuidadosamente planejados, mas com um bom espaço para o improviso. O Chacrinha para mim foi um gênio e seu programa um dos melhores que já existiram na televisão brasileira.

Nenhum comentário: