Eu ando constantemente garimpando blogs, para espiar o que andam fazendo por aí, e acabei encontrando este maravilhoso achado, a Rita Apoena, escritora, fotógrafa e blogueira. Ela tem um texto lindo, dona de um lirismo todo seu, muito poético. As fotos também são show, super coloridas e belas. Eu torço pelo seu sucesso, porque ela tem muito talento.
Abaixo, alguns trechos de seu blog, jornal das pequenas coisas;
Alvorada
Quando você se sentir sozinho, pegue o seu lápis e escreva. No degrau de uma escada, à beira de uma janela, no chão do seu quarto. Escreva no ar, com o dedo na água, na parede que separa o olhar vazio do outro. Recolha a lágrima a tempo, antes que ela atravesse o sorriso e vá pingar pelo queixo. E quando a ponta dos dedos estiverem úmidas, pegue as palavras que lhe fizeram companhia e comece a lavar o escuro da noite, tanto, tanto, tanto... até que amanheça.
Essência
Pessoas vestem roupas. Até a minha cama é forrada de lençol. Tem meia para o pé e luva para a mão. Tem calcinha, sutiã, touca e cachecol. Meu cachorro é cheio de pêlos e a montanha é cheia de árvores. Hoje, até as nuvens esconderam o céu e a grama forrou o quintal. Uma coisa é por cima da outra. A bala veio enrolada no plástico e até a borboleta se cobriu. Quando eu tiro a minha roupa, a epiderme não me abre e, se eu me descascasse, ainda seria músculo a enrolar o osso. É. Ainda tem o osso. Talvez eu seja, então, só aquela carninha dentro do osso de uma coxa de galinha.
Cachecol xadrez
Querido Helano,será que, às vezes, a gente vai com tanta pressa ao encontro de alguém que se esquece de se levar junto? Será que o Sol, quando é muito forte, faz a sombra chegar primeiro do que a gente? Será que é assim que tudo acaba? Ou nem mesmo começa? Acordei com uma fresta de luz brincando na cama, o sol deitando a sombra das folhas em minhas pálpebras. E era tão bonito e simples ver a luz pintando os móveis de colorido que entendi o fim de um casamento: nenhum amor floresce preso numa casa, sem contemplar, por instantes, a luz de uma tarde... Então, guardei aquela fotografia por dentro dos meus olhos para quando eu olhar você. E você, como sempre, não me responder palavras, não me escrever palavras, mas quando o sol for sumindo, me estender sorrindo o seu cachecol xadrez.
Um comentário:
Bianca, muito obrigada! Meu professor de Literatura Brasileira, Seben, me avisou sobre este post e eu fiquei tão contente! Adorei o seu blogue, você escreve bem demais. Abraço grande.
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