
Houve um tempo, por volta de 1945, ele ousou ao adotar um psedônimo para assinar folhetins românticos em jornais. Suzana Flag se tornou o maior sucesso, gerando dois livros e estimulou o autor a escrever a peça de teatro “Álbum de Família”. Acredito que as mulheres se identificavam com o universo que ele retratava, sem o nome maldito de Rodrigues tiveram coragem de assumir sua preferência, mesmo que velada atrás de um nome feminino. Uma de suas obras mais famosas, “A vida como ela é”, ele trata sem pudores das entrelinhas da sociedade, histórias familiares, de casais, de amor, de paixão, de amizade e traição. Quisera eu ter esse talento.

Curiosamente, Nelson era radicalmente reacionário, moralista, ciumento e possessivo. Tão ousado na ficção, tão tradicional na vida. Ele era a síntese das incoerência. Mas um gênio. Engraçado que na vida se passam histórias que, quando vejo, penso na hora em Nelson Rodrigues. Parece que ele, lá em cima, continua escrevendo suas irônicas histórias sobre o cotidiano trágico das pessoas. O Anjo pornográfico que continua vendo o amor pelo buraco da fechadura.
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