domingo, 11 de abril de 2010

Pixel Show



Eu saí do Pixel Show muito feliz. Neste domingo todas as palestras foram muito interessantes. Nada mais inspirador do que a gente ouvir, diretamente de pessoas tão criativas, que elas passaram sim por momentos de questionamento, de insegurança sobre o próprio talento, e das várias dificuldades que enfrentaram. E há um consenso na mensagem que todos passaram: faça o que você adora, acredite no seu talento, dedique-se em se aprimorar, e você chega lá.



















Catarina Gushiken, que é uma maravilhosa ilustradora, além de muito querida, começou falando sobre sua carreira na moda e como ela gosta da construção da imagem da moda através do desenho. Ela trabalhou na grife Cavalera durante anos, assumindo o posto de coordenadora de desfiles. Catarina disse que mesmo sendo bem sucedida na moda, abandonou tudo para investir no sonho de ser uma ilustradora, e atualmente ela trabalha com sucesso em sua própria marca, mas também desenvolveu a Urussai, grife que tem o objetivo de ajudar a descobrir novos talentos na área da ilustração de moda, encontrada em estamparia, em móveis e em objetos de decoração. Catarina é uma grande referência na sua arte, e principalmente por ser uma mulher abrindo caminho em um mercado que já foi exclusivamente masculino. "Estou aqui para mudar isso", disse.



Catarina Gushiken mandando ver na ilustração. Sábado, na Usina do Gasômetro


Sua grande dica para quem quer ingressar no mercado é acreditar em suas próprias referências, trabalhar muito cuidadosamente uma identidade, e usar a internet para montar um ótimo portfólio: "A apresentação do trabalho faz toda a diferença. O artista tem que se valorizar, e tem que ter embasamento técnico para ter segurança na hora de mostrar sua arte."





















Depois veio o colombiano Jorge Restrepo, ilustrador que trabalha com tipologia e adora desenhar letras. Ele revelou que quando saiu da faculdade, queria ser arquiteto como seu pai. Mas ele se tornou um designer gráfico super criativo, que se especializou em tipologia, sendo inclusive professor universitário nessa área. Muito humilde e simpático, e esforçando-se para ser entendido em espanhol, Restrepo confessou que é um "colecionador incansável", de todo o tipo de coisas, de postais a fitas cassete, de envelopes, a notas de dinheiro, além de ter o hábito de fazer listas de absolutamente tudo o que vem à cabeça.



Sua técnica envolve, além de tipologia, é claro, colagens de várias imagens, principalmente as religiosas, que lhe agradam muito; e letras escritas com máquina de escrever sobre papel, deixando evidente seu gosto pelo a mesclagem do moderno e do antigo. "Eu gosto muito das coisas desgastadas, e gosto das imagens interessantes, que me fazem pensar", revelou. Atualmente Restrepo cria, além de ilustrações e tipologia, móveis lindos, com a marca MyShelf, que começou com ele desenhando os próprios móveis quando comprou seu apartamento.




Um dos móveis desenhados por Restrepo




 





















A turma do site Abduzeedo é velha conhecida de quem trabalha principalmente com webdesign, pois o blog disponibiliza tutoriais que mostram como se aplicam todos os tipos de efeitos gráficos do mais variados softwares, mas tratam de muito mais assuntos, mostrando as novidades de design, fotografia, desenho, arquitetura e o que mais surgir de novidade na área. O blog foi criado em 2006, por uma necessidade dos criadores de criar um backup de suas referências, buscar uma rede de contatos e também se promover para o público. A iniciativa deu tão certo que hoje em dia o Abduzeedo é ele mesmo uma própria referência para o mercado de design e web. "Compartilhando o conhecimento, as oportunidades surgem, e essa é a melhor maneira de promoção", falou Fabiano Meneghetti, um dos sócios do projeto, afirmando que o blog oportuniza muitos contatos e trabalhos para sua equipe.



 





A palestra que fechou o dia e com chave de ouro, foi a do autor de histórias em quadrinhos Rafael Grampá. De uma forma bem descontraída e autêntica, ele disse que durante muito tempo ele não tinha idéia do que desenhar, que estilo iria seguir e qual traço que revelava realmente sua arte, só sabia que queria ser um quadrinista. Ele foi muito honesto em confessar que não tinha muita noção do caminho que ia seguir nem aonde ele iria dar e chegou a se aventurar por várias áreas. Percorreu um longo caminho, que incluiu trabalhar com publicidade, animação, motion graphics, moda, design e várias ilustrações de todos os tipos e estilos, até chegar ao traço que o caracteriza hoje.



Quando Grampá finalmente descobriu seu próprio traço

 


Esse ano vai viabilizar o sonho de desenhar uma história em quadrinhos criada por ele em parceria com o escritor Daniel Pellizari, a história "Furry Water", uma HQ de 200 páginas, que será publicada nos Estados Unidos pela editora Dark Horse Comics. É um projeto que Grampá realizou apostando que daria certo, investindo do próprio bolso e desenhando exaustivamente até conseguir se convencer que poderia sim escrever uma HQ. E o reconhecimento deste artista já é mais do que evidente. Foi eleito pela revista Época uma das 100 brasileiros mais influentes de 2009, ele foi convidado pela Marvel para criar uma história sobre um personagem da editora, que poderia ser livremente escolhido por ele. O eleito foi Wolverine, e a história se, que tem o nome de "Strange Tales", também está para ser lançada este ano. E o mais supreendente é que o talento de Grampá é natural e intuitivo, ele não fez nenhum curso de ilustração e declarou que a sua faculdade foi ter trabalhado em um estúdio de design, no caso o Lobo, de São Paulo. "Preciso ter 100% de fé e atitude no que eu estou fazendo", disse.





E olha só que coisa bacana: no meio da Pixel, o pequeno André desenvolvendo a sua arte, mandando ver na pintura! É assim que tudo começa...

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