Eu tava lendo que o Jorge Amado tinha o hábito de reescrever o mesmo trecho do texto várias vezes até chegar no ponto que ele considerasse ideal, e tinha vários críticos em sua própria casa, entre eles a grande parceira Zélia Gattai, que revisava minuciosamente tudo o que ele escrevia, corrigia erros de português e também discutia com ele o enredo, o que acabava resultando em longos e interessantes debates.
E o mais irônico é que o escritor baiano era considerado pelos críticos e até pelos próprios colegas um profissional que, apesar do imenso talento, parecia apresentar em seu estilo "pouco erudito", uma certa prequiça, um certo desleixo. Engraçado como a imagem que se constrói em torno de uma pessoa pode se tornar um mito muito maior do que a própria realidade. Seu texto direto e de linguagem simples, acabou por vender mais de 20 milhões de livros, em mais de 55 países. E a grande verdade, no caso, se configurava no fato de Jorge Amado ser muito detalhista e perfeccionista com tudo o que escrevia. É como se fala por aí, o simples na prática é muito difícil de se obter.
E ele fazia questão de guardar todos os originais que produzia, até os não publicados, acervo que acabou sendo doado pelo escritor à Fundação Casa de Jorge Amado, e que vai ser disponibilizado ao grande público em breve na internet.
Nenhum comentário:
Postar um comentário