
Walter Salles inclusive vem se dedicando ao projeto há cinco anos para transformá-lo em formato cinematográfico, tendo viajado pelos Estados Unidos de ponta a ponta, seguindo a mesma trilha que Kerouac percorreu. Olha o que ele falou sobre o projeto:
Sobre a demora em adaptar o livro para o cinema:
"Estamos falando, como Coppola bem o definiu, do nascimento da contracultura, e não da adaptação de quadrinhos da Marvel. Por outro lado, tendo a favorecer processos longos de desenvolvimento: foram necessários mais de três anos para "Central do Brasil" se tornar realidade, quatro anos para "Diários de motocicleta" e agora cinco para "On the road". No caso deste filme, havia uma história pregressa que não era muito diferente da de "Diarios...", com tentativas anteriores de tradução do livro para o cinema. Essa espera acabou sendo benéfica ao projeto."
"Como em "Diários...", não há a intenção de se fazer um filme de época, como se vê, às vezes, nos cinemas inglês ou norte-americano. O que é fascinante na história é sua modernidade. Aquela época aparecerá nos concertos de jazz, nos encontros à margem da estrada, nos bares onde parecia possível reinventar o mundo. Era uma época em que as pessoas viajavam mil quilômetros para uma boa conversa. A viagem aqui é, basicamente, interior. Estamos falando de personagens que tiveram a coragem de se reinventar contra a sua época, contra tudo e contra todos. Em muitos casos, os anos que estamos vivendo são tão conservadores quanto os anos 50. É nisso que essa história é interessante: ela permite entender que, mesmo quando tudo conspira contra, é possível inventar novas formas de nos relacionar com o mundo. Repensar o conceito de família, as relações afetivas, o sexo. Essa qualidade libertária e também transgressora é o que torna a historia tão moderna."
Jack Kerouac
Sobre a viagem pelos Estados Unidos:
"Cruzando os Estados Unidos de ponta a ponta nos passos de Kerouac, encontramos não só os personagens do livro que ainda estão vivos, mas também os poetas da sua geração. Acabei percebendo que esses homens e mulheres que tiveram a coragem de abrir essas janelas nos anos 50 e 60 são muito mais jovens do que muitos jovens de hoje em dia."
Nenhum comentário:
Postar um comentário