
Depois de um breve hiato neste blog, voltamos a programação normal.
E com um exemplo de extrema coragem. Casagrande foi à público no programa Altas Horas deste sábado, para falar abertamente da dependência química que o tirou da mídia e o isolou em uma clínica de recuperação durante um ano, uma lenta mas bem-sucedida recuperação.
Não é fácil ter ido ao fundo do poço como ele foi, sendo o grande ídolo do futebol e figura pública que é; e se mostrar, se expor da forma que ele fez. Em uma conversa muito franca, ele revelou que sofreu quatro overdoses antes de ser internado, que sua relação com as drogas é muito antiga e já vem dos tempos de jogador, e que começou já com drogas pesadas. Admitiu com toda a humildade que se deixou levar pelo descontrole de uma doença que aparentemente, pode ser mantida socialmente, mas quem tem esse desequilíbrio ou conhece pessoas que sofrem com isso sabe que não há como viver entorpecido e ter uma rotina normal, e isso não é falta de vontade, desleixo ou vagabundagem. É uma doença que existe há tempos, uma descompensação química que normalmente já é hereditária, embora não seja tão levada a sério quanto mereça.
E é comovente ver como Walter Casagrande está tendo a coragem de admitir ao Brasil todo o que passou, como ele falou abertamente sobre sua situação de comentarista da Globo e como está, aos poucos, voltando à vida.
Sim, porque quem vive no ritmo frenético e desenfreado das drogas, não se dá conta do que está fazendo, perde referência de tempo, de compromisso, de tudo. Só vive para aquele vício maldito, e muita gente sucumbe a ele. Quem é capaz, como Cazão está sendo, de enfrentar e aceitar que está dependente, lutar contra isso e pedir ajuda, tem que passar por uma transformação de vida, tal qual a que ele está passando. Tem que aprender a ter prazer nas pequenas coisas da vida, voltar a curtir pequenas e simples sensações cotidianas, voltar a sorrir, conversar com as pessoas, caminhar na rua, enfim, viver.
Fiquei muito feliz em ver que ele está tão consciente de sua condição, e mais ainda, que já está no processo de convívio com a sociedade. Sua atitude é de uma força extraordinária, e serve de exemplo para toda uma galera que está simplesmente se entregando, às drogas, ao álcool, à banalidade de não saber viver.
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