Me identifico muito com os poemas de Cecília Meireles. Ela é doce e visceral, ao mesmo tempo. Deve ter amado bastante e também deve ter sofrido muito por amor. Nada como a poesia para ilustrar o que sentimos e nisso Cecília é maravilhosa.
O que amamos está sempre longe de nós
O que amamos está sempre longe de nós: e longe mesmo do que amamos - que não sabe de onde vem, aonde vai nosso impulso de amor.
O que amamos está como a flor na semente, entendido com medo e inquietude, talvez só para em nossa morte estar durando sempre.
Como as ervas do chão, como as ondas do mar, os acasos se vão cumprindo e vão cessando. Mas, sem acaso, o amor límpido e exacto jaz.
Não necessita nada o que em si tudo ordena: cuja tristeza unicamente pode ser o equívoco do tempo, os jogos da cegueira com setas negras na escuridão.
Atitude
Minha esperança perdeu seu nome... Fechei meu sonho, para chamá-la. A tristeza transfigurou-me como o luar que entra numa sala. O último passo do destino parará sem forma funesta, e a noite oscilará como um dourado sino derramando flores de festa. Meus olhos estarão sobre espelhos, pensando nos caminhos que existem dentro das coisas transparentes. E um campo de estrelas irá brotando atrás das lembranças ardentes.
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