quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A arte de Voltaire Schilling

Quem lê o jornal Zero Hora regularmente reparou que esta semana Voltaire Schilling suscitou uma discussão em torno dos monumentos artísticos de Porto Alegre e assim como ganhou adeptos que compartilharam de seu pensamento, também colecionou desafetos.


Schilling escreveu essa semana em ZH um editorial em que considerou nossa cidade a "capital das monstruosidades", se referindo às obras de arte que habitam as ruas, e que na sua concepção são um exagero de mau gosto. O artigo recebeu apoio de vários jornalistas e formadores de opinião, mas também provocou reações de quem trabalha com a arte no Estado.

Felizmente vivemos em um país com liberdade de expressão, e Schilling tem todo o direito de pensar dessa maneira e externar seus argumentos. Ficou evidente para todos, lendo o artigo, quais são as referências estéticas e artísticas do historiador. E eu o respeito muito, porque o conheço e sei de sua capacidade intelectual e inteligência notáveis. Mas me permito colocar um contraponto.



É necessário levantar uma questão: a arte é para ser bonita? é para agradar? o que pode ser considerado belo? o que pode ser considerado arte?


Qual é o papel da arte: enfeitar, questionar, entreter, refletir?


Fica bem claro que, quando se trata de expressões artísticas é muito subjetivo conceituar. Cada pessoa tem a sua percepção e o gostar ou não tem muita relação com o gosto da pessoa, suas referências, seu senso estético. E tem muitas outras variáveis nesse processo, como a proposta do artista, sua intenção com a própria obra, a percepção do público e por aí vai. Claro que se levarmos em conta a arte de Leonardo da Vinci e Michelangelo, em que o primor estético era levado ao extremo, certamente não será parâmetro a arte de Jackson Pollock, por exemplo. E a de Pablo Picasso?


Os tempos mudam, a arte muda, os conceitos mudam. Não devemos ficar presos a esteriótipos, nem ficar definindo o que é bonito ou o que é feio, e nem se decretar que a arte deve ser bonita e embelezar a cidade, pois isso já é uma outra questão.

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