sexta-feira, 2 de abril de 2010

Pública

A Pública é realmente uma banda que pensa e realiza grande. Além de sua música ser fora dos padrões e apresentar uma proposta que foge completamente do que se convenciona como moda, e com isso ganham cada vez mais fãs; eles têm um planejamento bem consciente de sua carreira, sabem aonde querem ir e aonde querem chegar.



E eles querem ir agora para São Paulo, tentar consolidar uma carreira nacional, projeto que já está sendo elaborado há muito tempo, desde que eles lançaram o primeiro disco. Agora este sonho está se materializando, e eles vão começar uma nova jornada, deixando de lado família, zona de conforto, todo o reconhecimento que eles já possuem aqui no sul e apostando em seu talento e com muita fé de que tudo vai acabar bem. E com certeza vai mesmo.

Nesta quinta-feira a Pública se apresentou no Ocidente para realizar um show que era para ser o de despedida, mas eles acabam divulgando lá mesmo que no dia 15 vai ter um show extra, no Porão do Beco, para quem já está morrendo de saudades deles. Eu já estou.


O show foi lindo, músicas dos dois discos, o pessoal cantando direto, um clima maravilhoso, participações de Frank Jorge e Marcelo Fruet, e a certeza que aonde esses caras estiverem, vão mandar muito bem.

Eu entrevistei os guris da Pública na passagem de som, eles conversaram comigo sobre tudo isso, e o resultado você confere abaixo:




Como começou essa ideia de ir para São Paulo?

Pedro Metz : Na verdade a gente já pensa isso desde o primeiro disco, desde o primeiro disco a gente já vem pensando não só no Rio Grande do Sul. A gente sempre trabalhou a banda nacionalmente. Desde esse período contratamos uma assessoria de imprensa para cuidar da parte sudeste do país.


Mas vocês são bem vinculados com Porto Alegre, pelo menos os clipes mostram isso...
Pedro Metz : As músicas também


Sim, as músicas também, mas elas também se adequam à São Paulo...
Pedro Metz : Eu acho que sim. Teve um cara da Trama que escreveu que nosso disco era o mais paulista da década.

Guri Assis Brasil: Você tem que dar um desconto porque o Pedro não é de Porto Alegre...


Vocês não são todos de Porto Alegre?
Guri Assis Brasil: Não, a maioria é do interior, eu (Guri) nasci em Santa Maria, o Pedro em Livramento, e o Guilherme é de Porto Alegre, mas se criou em Vacaria. Ser do interior é legal né, cria uma certa ingenuidade...é diferente do que um cara da capital....eu só vim com 15, 16 anos pra capital...


E agora que vocês estão indo para São Paulo, vocês pensam em mudar alguma estratégia com relação à banda...
Guilherme Almeida: Acho que a gente vai ter que fazer coisas que a gente já fez antes aqui no Sul, como no início, de ter que carregar as coisas, aqui a gente tem uma equipe, tem uma produção, já tem uma boa estrutura de banda, uma estrutura confortável, sem ter que montar equipamento nem testar instrumentos...


Tá dando um frio na barriga? Porque até em questão de público, vocês aqui são mais conhecidos, são mais consolidados...
Guris Assis Brasil: Na verdade, nos últimos shows que fizemos em são Paulo, deu para perceber que temos um público fiel, que é muito legal e vão em todos os shows e é um público bom em número, visto que não somos de lá.


E vocês tem ideia das dificuldades que vão enfrentar por lá? Porque, vocês até falaram no show, teve o baterista que saiu, né? Não sei se isso teve a ver com essa ida da banda para São Paulo...
Pedro Metz: Também, um pouco.

Guilherme Almeida: As vezes ajuda, as coisas se completam.


Mas se trata de uma questão de administrar os relacionamentos, de repente nem todo mundo quer a mesma coisa...
Pedro Metz : É que é assim, na verdade a gente tem no momento que deixar algo de lado, porque esta oportunidade não vai passar duas vezes. A gente não tá indo curtir entende? Isso faz parte do nosso trabalho, a gente está se dedicando para a banda e não estamos indo para brincar, sabe?

Estamos indo para conquistar um espaço e um espaço que está totalmente aberto. Não tem bandas com a gente fazendo o que a gente está fazendo. A gente tem muita confiança também de que as coisas podem dar certo. Mas como a gente já enfrentou muito tempo de underground, nós somos muito calejados...Tem umas bandinhas aí que elas tocam e de uma hora pra outra elas já bum! Nós não! A gente batalhou muito pelas coisas que a gente faz, a gente nunca foi uma banda hypada, as pessoas torcendo o nariz e depois tendo que voltar atrás, então já temos muita estrada pelas costas para se deslumbrar com qualquer coisa que aconteça com a gente...


Então vocês já sabem que o caminho não vai ser uma barbada...
Pedro Metz: A gente sabe que o caminho vai ser difícil de novo. Mas a gente está aí para tomar contra da situação de novo, do mesmo jeito que a gente tomou conta da situação por aqui.


Guilherme Almeida: Cada um mora no seu ap aqui, cada um tem a sua família, temos as nossas atividades, que nos ajudam a nos segurar se a gente fica um mês sem show por exemplo, e lá em São Paulo isso não pode acontecer, é uma aposta nossa...


E a questão do baterista, vocês já resolveram...
Guri Assis Brasil: Estamos resolvendo

Mas vocês já tem um baterista tocando com vocês, né?
Pedro Metz: Sim, o Papel. E fora de ele ser um baterista excelente, um dos melhores, a gente adora o trabalho do cara e ele já mora em São Paulo, tem casa lá. A mãe dele mora em Porto Alegre e ele está morando há quatro anos em São Paulo. Então isso foi uma coisa que já deu essa...a gente não teve muita dúvida quando o Cachaça pediu pra sair, a gente não teve muita dúvida em quem chamar pra tocar...


Então não é provisório já é permanente?
Pedro Metz: Não isso a gente não sabe ainda. Ele tem a banda dele, que é a Locomotores, ele tem outras coisas que ele faz e ele é um cara que está se esforçando muito pra tocar com a gente, muito esforçado no sentido em que está abrindo mão de coisas que ele estava fazendo, ele tá aqui com a gente desde 5 de fevereiro, dentro da casa que não é mais dele, é a casa da mãe dele...às vezes isso, pode não ser lá muito legal...Mas é uma aposta dele também, e a gente torce para que dê certo.


Guilherme Almeida: A gente também quer que isso se resolva logo, porque a gente tem um problema de apresentar a banda agora, porque a banda sempre foi muito coesa, sempre quem via o show falava isso, bah esses cinco tem algo muito coeso, mas parece que agora deu mais liga...


Pedro Metz: …e também quando entra alguém diferente na banda, você começa a repensar as coisas que você já fez, passa por uma revisão, dá uma peneirada geral, e assim, músicas que estavam deixadas de lado, agora que o cara entrou, a gente pensou, poxa vamos deixar isso aqui perfeito, entendeu?


Guri Assis Brasil: Também tem de a gente ficar sem tocar algumas músicas, depois de ter tocado várias vezes, ela vai ficando quadrada, vai embolotando a música, e agora a gente voltou a ensaiar músicas antigas, do primeiro disco, que fazia tempo que a gente não tocava e tomaram um novo formato, deu um aspecto diferente pro show.


Quando vcs vão?
Pedro Metz: A gente está num processo de alugar a casa, que é o mais difícil. Estamos só esperando a casa.


Vocês vão morar todos juntos?
Pedro Metz: Sim.


Pedro Metz: E dia 15 a gente vai ter mais um show em Porto Alegre. A gente vai anunciar hoje no show.


E aonde vai ser?
Guri Assis Brasil: No Porão do Beco. A gente tem uma relação muito boa com o Vitor (Lucas, dono do Beco). Ele foi o primeiro cara que apostou na gente. Teve muita gente que apostou (no início), mas ele é muito importante para essa cena de Porto Alegre, o Vitor nos fez um apelo por esse show, disse que não ia nos deixar sair de Porto Alegre se a despedida não fosse no Beco e a gente aceitou, com a condição que a gente não divulgasse antes do show do Ocidente.

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