Eu falei aqui no blog que estava orgulhosa de ser uma mulher brasileira com a conquista de ouro da Maurren Maggi. Pois agora eu estou no céu!!!!
QUE MARAVILHOSO PODER SER BRASILEIRA E ASSISTIR ESSAS MENINAS FANTÁSTICAS VENCEREM, NO PEITO E NA RAÇA, A MEDALHA OLÍMPICA DE OURO NO VÔLEI FEMININO, PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA DO NOSSO PAÍS!!!!!
Não que o vôlei brasileiro não seja vitorioso em sua história, pelo contrário. Essa medalha de ouro pertence na verdade a todas aquelas jogadoras que abriram caminho em busca deste tão sonhado objetivo. Todas defenderam a seleção em gerações diferentes, todas guerreiras, batalhadoras. Mas toda essa trajetória foi muito difícil.
Começou em 1980, Moscou, com jogadoras como Isabel, Vera Mossa e Jacqueline Silva. Essa equipe levou o Brasil ao sétimo lugar nesta Olimpíada e obteve a mesma colocação em Los Angeles, no ano de 84.
Em 92, na calorosa Barcelona, um novo time de craques começou a formar-se. Leila, Fernanda Venturini, Ana Paula e Márcia Fu foram logo mostrando que as brasileiras tinham talento e disputaram o bronze com os Estados Unidos, ficando na quarta colocação. Em 96 elas chegaram mais amadurecidas em Atlanta para faturar o bronze que tinha escapado na olimpíada passada. De repente, o vôlei feminino começou a ser notado.
Em 2000, a equipe já tinha uma base e a turma de Leila, Virna, Fofão e Waleska chegou em Sydney disposta a vencer. Conquistaram o bronze mais uma vez, de uma forma superior, provando a qualidade de nossas jogadoras. Para qualificar o time, uma equipe de meninas jovens e promissoras pedia passagem.
Então em 2004 um grupo misto de veteranas e estreantes viaja para Atenas com a missão de disputar o ouro, já que a equipe agora é de fato favorita, embalada pelas vitórias em mundiais.
O time realmente foi à fase final invicta, com apenas quatro sets cedidos até as semifinais e revelou a novata Marianne Steinbrecher, que se destacava na seleção, e era uma das preferidas da capitã Fernanda Venturini. Porém na semifinal contra a Rússia, algo deu errado. Com erros sucessivos, quando precisava apenas de um ponto para ir à decisão do ouro, o elenco perdeu a chance de uma final inédita e as críticas implacáveis começaram a surgir, motivando rótulos preconceituosos e injustos. Mari, que tinha sido alçada a estrela em ascenção, agora era cruelmente massacrada, apontada como uma das culpadas pela derrota. Com tantas críticas, as brasileiras nem tiveram ânimo para disputar a medalha de bronze, e ficaram em quarto lugar.
Na volta, a enorme pressão contra não abalou a credibilidade do técnico Zé Roberto. Ele e toda a sua equipe foi mantida e o trabalho seguiu. Porém na final do Mundial de 2006, a dois pontos de ganhar o título, a seleção condeceu a virada para a Rússia e perdeu o título. Para piorar, o fato repetiu-se em 2007, no Pan-Americano. Apesar de atropelar as rivais, o Brasil desperdiçou uma série de match points na decisão contra Cuba e o resultado foi a medalha de prata em casa. Os críticos oportunistas não se cansaram de querer ridicularizar as jogadoras, com comentários do tipo dizer que as garotas amarelaram, que chegavam na final e entregavam.
Em 2008, as meninas brasileiras do vôlei tinham um grande desafio. A Olimpíada de Pequim se mostrava como uma esfinge, ou elas a enfrentavam, ou seriam engolidas pelo pânico do fracasso. Já era hora de virar esse jogo.
Então, com uma campanha irreparável, em que elas perderam somente um set em toda a competição, as gurias da seleção brasileira de vôlei arrasaram suas adversárias norte-americanas e conquistaram mais do que podiam ter imaginado. Tornaram-se as representantes douradas legítimas de toda uma geração lutadora do vôlei feminino, e provaram da melhor forma que possuem competência e capacidade para chegar em uma final e decidir. O desafio foi superado e o nome delas ficou gravado na história. Elas vão ser sempre as primeiras a ganhar a medalha de ouro em seu esporte. Ouro amarelo e dourado, como falou Zé Roberto Guimarães. E muito gostoso também.
Impressionante ver como depois de tudo isso as jogadores encontraram na união o melhor conforto. Elas dedicaram a conquista à Mari, justamente a que mais sofreu com todo esse processo e também homenagearam Fofão e Walewska, duas grandes mulheres e maravilhosas jogadoras, que acompanharam muito dessa história e depois deste grande feito, estão se despedindo da seleção. Elas merecem. Agora, novo ciclo. Um novo capítulo para esta história de luta e superação, mas agora só com vitórias.
E eu estava reclamando do pouco incentivo para os atletas brasileiros, que se esforçam mas não estavam conseguiando ter um resultado melhor nos Jogos; agora vejo que eles transformam suas derrotas em degraus que os impulsionam a acreditar no seu sonho e lutarem por ele. Realmente não há nada que os impeça, nem a maior potência do mundo. É respeitável o rendimento que nossos heróis brasileiros estão apresentando em Pequim. Vejam o recado que estas medalhistas estão nos dando: nossos atletas conseguem feitos fantásticos mesmo sem estrutura. Então está na hora de olhar mais por eles. O esporte no Brasil precisa de investimento na formação de base e de acompanhamento para os atletas de ponta, além de uma maior organização, fazendo com que entidades, confederações e atletas dialoguem entre si na mesma sintonia. Acho que também é preciso orientar a delégação antes de participar de um evento desta grandeza; pois a maioria de nossos atletas ainda sente muito a pressão psicológica de competir em um ambiente olímpico.

No mesmo dia em que vibramos com a inédita conquista do vôlei feminino, outra inédita conquista no taekwondo. Natália Falavigna, venceu o bronze e se tornou a primeira mulher a conquistar uma medalha na sua modalidade. Não pode conter a emoção depois de superar uma carreira de dificuldades, típicas de uma genuína atleta brasileira. "Eu brigo até o fim. Não queria voltar para casa chorando outra vez", diz Natália. Mais uma guerreira brasileira abrindo caminho no esporte brasileiro.
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