Ele merecia um post só dele, por vários motivos. José Roberto Guimarães colhe hoje os louros do trabalho vitorioso que exerce no volei brasileiro. Ele jogou como levantador no Brasil e na Itália, e chegou a disputar a Olimpíada de Montreal, em 76, ficando em sétimo lugar. Mas ele mesmo confessa que não se achava diferenciado. "Eu era um jogador esforçado, sem tanto talento, mas dedicado. Não importava o horário de levantar. Meu gosto era tão grande pelo vôlei que eu não me importava."
Para Zé Roberto, foi exatamente essa característica que o tornou técnico. "Não conheci muitos bons jogadores, que tenham sido excelentes técnicos. Em nenhuma modalidade. Ser técnico é ter que observar, se dedicar mais para aprender. Quem tem talento não sabe como se faz isso."
Ele foi campeão em Barcelona com a seleção masculina em 1992, em uma geração incrível, com nomes como Tande, Giovane, Paulão, Maurício, Marcelo Negrão e Carlão.
Assumiu a seleção feminina em 2003. Passou por várias dificuldades quando insistiu em apostar na atual equipe que hoje conquistou o inédito ouro. O mérito foi delas e também foi dele, que suportou junto as críticas e fez aquela equipe acreditar que seu sonho era sim possível. Hoje ele é o único técnico que conquistou medalha de ouro pelas duas seleções brasileiras de vôlei, a masculina e feminina. Além de ajudar as meninas a obter um feito inédito, entrou para a história do país.
“Esse é um dos times mais vencedores de todos os tempos”
antes da final contra os Estados Unidos
“A cor da nossa medalha é amarela, sim. Mas é amarelo de ouro.”
depois da final contra os Estados Unidos
A frase acima ele falou para o repórter Zé Alberto Andrade, da Rádio Gaúcha, que está lá em Pequim, fazendo a cobertura da Olimpíada. E é nesses momentos em que reconhecemos as pessoas do bem. Zé Roberto estava dando entrevista para o Zé Alberto e, em meio a ela, o fiscal da organização do evento apareceu querendo levar o ténico na marra para a coletiva. Zé Roberto não aceitou, e disse para o fiscal:
"Deixa ele falar! Nós temos é que comemorar!"
E seguiu a entrevista normalmente, mostrando o exemplo de pessoa que é.
"Consegui devolver para o meu país algo que tinha deixado lá atrás, em Atenas. Tinha deixado um pouco da minha alma lá quando a bola não caiu. Agora estou devolvendo tudo com juros e correção monetária. Hoje eu volto a sorrir novamente"
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