Durante a madrugada assisti ao início da decisão entre Brasil e Estados Unidos, pelo vôlei masculino. Mas ao longo da partida, eu fui dormir, não quis ver o que ameaçava acontecer a seguir e que realmente se confirmou. A seleção brasileira masculina, já medalha de ouro em Atenas, diputava duramente a partida com seu adversário, mas não era um dia bom e os americanos venceram por 3 a 1.
O que aconteceu depois foi muito pior. O abatimento de toda a equipe e inclusive de seu técnico Bernardinho, mostrou que estes homens podem não ser invencíveis; mas são íntegros, dignos, humanos.
Todos caíram no choro e desabaram em uma expressão que ilustrou toda a opressão que sofreram por ousar tirar da equipe um jogador que foi covarde e achou que era mais estrela que todods os outros, o levantador Ricardo. Ele comprou briga com o técnico e todo o grupo, achando que voltaria nos braços do povo, viajou na maionese, e feio.
O fato é que este episódio desestabilizou a equipe. Bernardinho passou a ser questionado pelas suas atitudes, por afastar Ricardo e colocar Marcelinho em seu lugar; foi acusado de nepotista por integrar o filho Bruno na sua equipe.
Imagine ser filho de Bernardinho? A pressão que deve ter sido para conquistar uma vaga na seleção brasileira, pense que ele deveria treinar mais que os outros, pois só de ser o filho do homem, já tinha que mostrar que valeria a pena sua convocação. E valeu mesmo, Bruno é um jogador fantástico, tranqüilo, bom saque. Vai fazer parte da nova geração que está por vir, com certeza.
Fim de jogo e o técnico que costuma não demonstrar emoções em público, viu o seu filho em choro convulso por não ter conseguido a medalha de ouro. Pela primeira vez, o líder chorou. Não tinha o que dizer como profissional e como pai também estava arrasado. Uma situação difícil e delicada para um homem que tem a coragem de assumir suas atitudes.
Quem se acha tão bom o suficiente para ter a arrogância de criticar a trajetória de Bernardinho, Giba, Gustavo, Marcelinho, André Heller, Serginho, Dante, André Nascimento, Murilo, Bruno? São jogadores brilhantes, os melhores no que fazem, não precisam provar nada para ninguém, não é a cor da medalha que vai dizer a competência deles. Uma geração vitoriosa que marcou época e deixa saudade, pois lamentavelmente está começando a ser desfeita.
Gustavo, um grande campeão, um gigante que está deixando as quadras. "Gostaria de ser lembrado como um jogador que treina, que se doa, que fez tudo pela seleção. Isso é o que vai ficar dentro de mim."
A medalha de prata na opinião de Sofia, filha da Maurren Maggi, é a cor mais bonita. A pequeninha dizia para sua mãe: "Mas eu quero a de prata!" E foi justamente essa medalha que esses tios bonitões conseguiram para ela; e para eles, uma conquista inédita. Bernardinho não chegou aonde está por acaso. Compreendeu que a prata não foi uma perda. Ele tem a exata consciência da capacidade de seu grupo e de si mesmo. "A prata é uma bela conquista. Queríamos mais, mas não conseguimos. Agora, a seleção vai dar um novo passo a partir dessa derrota. É um ponto marcante, mas não deve ser encarado como um fracasso."
Um fato que nem todos sabem é que das três medalhas de ouro brasileiras, pelo menos duas delas Bernardinho tem a sua participação, mesmo que indireta. Antes de competir pelo ouro nos 50m, César Cielo se aconselhou com o treinador na Vila Olímpica, que achou o nadador tranqüilo e focado no objetivo. A equipe feminina de vôlei, também usou o exemplo do grupo masculino de vôlei como um fator motivacional. O modelo vencedor concebido pelo técnico ajudou as gurias a aprender como superar suas dificuldades e conseguir seu objetivo.
Por toda essa dedicação ao esporte, Bernadinho já tem seu espaço entre os grandes. Só é criticado quem trabalha. E só se incomoda com o sucesso dos outros quem é medíocre. Com certeza, Bernardinho e seus heróicos jogadores vão continuar a fazer muito pelo Brasil. O mínimo que o povo brasileiro deve fazer agora é agradecer a esses homens tão honrados e maravilhosos.
Um comentário:
Concordo plenamente com tudo que foi escrito.Axo que o Bernardinho é um grande técnico e se ele deixar a seleção, mt coisa vai ser perdida,não será bom pra ninguém, nem pra eles nem pra nós.Poucos tem a força e a coragem que esse homem tem.Belíssima postagem. Parabéns
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