sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Perdas irreparáveis




Entre ontem e hoje faleceram figuras importantíssimas para a cultura e o jornalismo nacional.




Waldick Soriano, Fernando Barbosa Lima, Fernando Torres e Fausto Wolff, nos deixam aqui um pouco mais carentes de talento.





Fausto Wolff, jornalista e editor do Pasquim, jornal que desafiava a ditadura militar com suas críticas bem escritas em um humor ácido.



Fernando Torres foi um maravilhoso ator e marido de Fernanda Montenegro, além de pai de Fernanda Torres.



Fernando Barbosa Lima foi jornalista de televisão, que criou programas que se tornaram ícones, como 'Jornal de Vanguarda' e 'Canal Livre'.



Waldick Soriano era cantor e seu tema era a dor-de-cotovelo, mas acabou se tornando popularmente o principal ícone da música brega, que hoje é cult.






Li na internet um texto de Fernando Barbosa Lima muito interessante e achei que esse trecho que poderia inspirar uma nova geração de pensadores de televisão.

"Porque a televisão não vende idéias? É através da televisão, que podemos melhorar o nível cultural de nosso povo. É através da televisão que poderemos ensinar às nossas crianças e aos nossos jovens, debatendo o Brasil, que existe um futuro, um dia melhor."







E homenageando Fausto Wolff, uma parte da entrevista do pessoal do Pasquim com Lupicínio Rodrigues, feita em 1976.


O PASQUIM - Você é um dos maiores compositores populares brasileiros. Mas sempre viveu no Rio Grande do Sul?
LUPICÍNIO - Graças a meu bom Deus sempre vivi no Rio Grande do Sul. Tive a felicidade de ficar conhecido universalmente, e agradeço isso aos marinheiros que visitavam a minha terra naquela época, quando não havia transporte para lá, a não ser o marítimo. Os marinheiros chegavam em Porto Alegre, aprendiam minhas músicas e saíam a divulgar pelo Brasil.

O PASQUIM - Você talvez seja um compositor conhecido no Brasil inteiro, que conseguiu fazer sucesso com a idade mínima. Aos 12 anos já fazia composição para os blocos carnavalescos de sua cidade. Como é que foi essa iniciação musical no Rio Grande do Sul? Você nasceu em 16 de setembro de 1914.
LUPICÍNIO - O que acontece é que na época em que eu comecei a fazer música no Rio Grande do Sul, começava a rádio no Brasil. Eu nunca fíz música com a finalidade de ganhar dinheiro. Eu nunca pensei que eu pudesse gravar uma música.

O PASQUIM - Mas aos 12 anos?
LUPICÍNIO - Eu fazia de brinquedo, como faço até hoje. Não faço música pra ganhar dinheiro nem música para gravar.

O PASQUIM - Tem bom samba lá no Rio Grande do Sul, tirando Lupicínio Rodrigues? O pessoal lá é bom de samba? Tem bons batuqueiros e escola de samba?

LUPICÍNIO - Lá tem bom sambista.

O PASQUIM - E tem escola de samba lá?
LUPICÍNIO - Tem boas escolas de samba.

O PASQUIM - Você não é um fenômeno isolado, embora tenha se destacado.
LUPICÍNIO - Os melhores ritmistas que teve aqui no Rio de Janeiro, anos atrás, eram gaúchos.

O PASQUIM - Na música popular brasileira, qual a diferença que você vê entre as suas músicas e as músicas de Teixeirinha, sendo vocês dois da mesma região do Brasil?
LUPICÍNIO - A diferença que existe é que eu faço música popular, o Teixeirinha faz música regional. O Teixeirinha não é folclorista, não é o folclore gaúcho. O Teixeirinha é o regionalista, como o de qualquer estado do Brasil. A música do Teixeirinha é tão regionalista quanto a música mineira, a música nortista. Não é o nosso cancioneiro gaúcho. E adoro a guariânia, adoro tango e adoro bolero. Eu acho qualquer dessas músicas maravilhosas. Como adoro qualquer música popular bem feita.

O PASQUIM - Como é que você consegue isolar essa influência do seu trabalho?
LUPICÍNIO - Eu acho o ritmo brasileiro o melhor ritmo do mundo, no meu gênero.


O PASQUIM - Quando você começou a se formar como compositor, quais eram os compositores brasileiros, ou a escola brasileira, que você mais gostava?
LUPICÍNIO - Eu não comecei fazendo música, eu comecei a cantar. Quando comecei, foi como cantor. O cantor que eu imitava era Mário Reis.

O PASQUIM - Isso em que ano?
LUPICÍNIO - Em 1930.

O PASQUIM - Mas você tinha 16 anos. Você não ouvia Mário Reis com 16 anos.
LUPICÍNIO - Claro. Era a dupla mais famosa do Brasil: Francisco Alves e Mário Reis.

O PASQUIM - Qual o cantor que melhor interpreta o que você deseja dizer nas suas músicas? Aquele que quando você ouve fica emocionando.
LUPICÍNIO - O cantor que eu admiro, que eu gosto que intérprete as minhas músicas, é o Jamelão. Porque ele tem uma preocupação de cantar as músicas como eu faço. Não é por ele estar presente. A gente faz uma música e o cantor vai cantar. Ele acha que tem que fazer uma coisa diferente, mudar a melodia, ele acha que a letra tem que ser como ele quer. O Jamelão é autêntico. Ele procura aprender a música como a gente ensina pra ele a cantar a música como a gente faz.


O PASQUIM - Terá sido Iná a inspiradora de "Nervos de Aço"?
LUPISCINIO - Foi a Iná. A primeira mulher que eu tive. E a primeira desilusão.

O PASQUIM - Você fez "Nervos de Aço" com quantos anos de idade?
LUPICINIO - "Nervos de Aço" eu fiz com 22 anos.

O PASQUIM - Você tem algum preconceito de cor, ou realmente é do nosso time e gosta de mulata?
LUPICINIO - Pelo contrário, dificilmente estou acompanhado de mulata. Não sei porque, eu não dou sorte com mulata. A única mulata que eu tive na minha vida foi justamente a Iná. A Iná de muitas músicas.

O PASQUIM - Diz umas aí.
LUPICINIO - "Zé Ponte", "Xote da Felicidade". E tantas outras músicas. Mas depois de Iná, eu só tive problemas com louras.







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